segunda-feira, 8 de junho de 2015

Memories

O tempo pode curar tudo como dizem, mas o tempo não apaga da memória algumas coisas do passado.
 
As feridas são saradas e as memórias filtradas e arquivadas. O negativismo dá lugar à aprendizagem e passamos a ser mais maduros, mais experientes, mais tudo....
 
Numa fase negativa da vida, acabamos por nos encontrar connosco próprios, coisa que durante muito tempo tivemos tendência a perder. Por circunstâncias da vida, propositadamente , o que quer que pensemos....mas de facto deixamos de sermos nós para passarmos a ser outros.
 
Pouco importa isso agora, quando finalmente pegamos o fio à meada e retomamos o nosso tricot e continuamos a produção da nossa manta da vida, uma manta de retalhos...tão somente isso.
 
A vida seria tão mais simples se fossemos apenas EU e não NÓS, e quando esse NÓS é uma criança a tarefa complica um pouco mais.
 
A primeira fase são as perguntas constantes, os porquês....se antes se pergunta "porque é que a relava é verde ou o céu azul", numa fase de separação/divórcio as perguntas são tão mais difiveis de ter resposta.
 
O tempo passa , cura, mas não sei o que se passou na cabeça do meu filho ao logo desta ano e pouco....achava apenas que apesar da sua inteligência acima da média, para ele estaria esclarecido e nem sequer havia memória a falar.... Mas não, afinal não é bem assim.
 
Hoje quando vinhamos da escola para casa e assim do nada perguntou: "mãe lembras-te quando éramos familia?"...."familia como filho?"... "eu, tu , o pai e a mana?" ..... Expliquei-lhe que continuamos a ser Mãe, Pai e Mana e que apenas não viviamos juntos.
 
Perguntei-lhe se tinha saudades, prontamente disse-me : "Não, eu percebo tudo mãe".
 
Isto seria uma resposta normal não tivesse ele 4 anos. Não fiquei em nada triste, pelo contrário fiquei de certo modo aliviada com a resposta....e mais contente ainda com a conversa seguinte, super positiva e que me deixa orgulhosa do meu filho, da minha familia e do M que entrou na nossa vida. Nem conto ao M as coisas que o S me diz, porque pode achar que eu estou a inventar, que posso estar a pressionar, sei lá eu o que poderá ele pensar.
 
Para já guardo estas nossas conversas com a maior das paixões, confidencialidade  e cumplicidade. Vejo a nossa relação enquanto mãe e filho a crescer de dia para dia. Mais do que termos dinheiro (que sabemos que não é muito) , é importante que nos tenhamos um ao outro sempre, isso basta-nos. 
 
Hoje mais que nunca, sei que estou a fazer um bom trabalho enquanto mãe.
 
Obrigado por me dares este privilégio ! 
 
 
 

Um comentário:

Anônimo disse...

Parabéns, mapã ou pãe! (Há para todos os gostos... E orgulho-me do teu!)

*