quarta-feira, 18 de março de 2020

Em casa é que está bem !

E cá estamos no segundo dia de tentativa de isolamento.

O vizinho já veio deixar um saco de limões...mas pediu o saco plástico de volta.

As tarefas escolares continuam a ser cumpridas para já sem grande stress. 

O pai continua a ir trabalhar e a tentar encontrar soluções viáveis para que as suas tarefas se mantenham no activo e de saúde.

A mãe parece um vai-vem em constante viagem, ora aqui, ora ali.

De um modo geral estamos todos preocupados, até acho que bem mais preocupados com a forma como vamos conseguir coabitar os 5 em casa por umas miseras semanas. Pessoalmente tenho estado a ver uns tutoriais no youtube sobre yoga e mindfullness. Calculo que o filho mais velho cá de casa também deve estar a ver isso, porque ouviram os gritos no WC....devia estar a praticar.

Já comecei a planear as arrumações, limpezas e afins de modo a estar organizada. O pai fica encarregue da sua adega de modo a organizar as suas preciosas garrafas por castas, cores, sabores e outras tantas paneleiragens. 

O mais novo, já o consegui arrumar no roupeiro e assim oiço menos 1000x a palavra Mãaaaaaeeeee por dia, o que de certo modo me trás alguma paz de espírito.

Inicialmente estava num espirito tuga....tudo passará e isto é apenas uma gripe e eu dou FOTI FOTI e não me vai tocar. Até porque tenho uma costela alentejana e segundo uma entrevista que vi as alentejanas não apanham o bicho.

Depois comecei a ficar preocupada e a tentar pensar de forma consciente como poderia salvaguardar-me a mim e aos meus. Nenhum de nós é profissional de saúde pelo que o contato directo com a doença seria menor desde logo. Imagino o que estas famílias estão a passar neste momento, parece uma batalha naval e na corda bamba todos os dias. O viverem na incerteza, o viverem ausentes dos seus para poderem ajudar outros que também estão privados das suas famílias.

Mas sabem o que mais me custa? O não poder abraçar e beijar com a regularidade que gosto. Custa-me horrores ter de negar os 1000 beijos que o meu filho me quer dar e simplesmente dividi-los por mais tempo. Somos os dois de afectos e gostamos tanto de estarmos colados, que agora a dor é ainda maior. Ele fica de olhos tristes e eu de faca espetada no coração por estar a ter uma atitude que me é tão contraditória. Não vou deixar de lhe dar, mas terei de ter cuidado pois vou à rua, estou em contado com outros, para poder trazer mantimentos para casa. Meu rico filho, espero que me perdoes e entendas um dia, sei que tens apenas 9 anos, mas nenhum de nós merecia passar por isto.

Nas aulas de história, nos documentários que via, nas reportagens, nos livros, lia e via muitas vezes as catástrofes e guerras do passado. Via ainda que apenas a duas cores a dor e tristeza dos que passaram por tais efemérides e a bravura com que se reergueram das cinzas para continuar a dar vida e esperança aos que sobreviveram e superaram. Jamais pensei que um dia seria eu nesse papel, seriam os meus a poder contar essa parte da história como protagonistas. Eu quero ser dos que ficam para contar, e quero que a minha familia também. Não o posso mostrar, mas tenho tanto medo pelos meus avós cuja saúde já não abunda e cujo tempo de vida também já não será longo....não quero que os leves ok? Podes deixá-los mais um tempo por perto? 

Aproveito este tempo para repensar, para tentar encontrar motivação para arrancar com projectos para os quais ainda não tinha tido tempo. Agora vou ter tempo....mas preferia não o ter...significaria que estaria tudo bem e na normalidade.

Amanhã estarei de volta!!!!!

Bjs do vosso Rolinho de Papel

PS: O mais novo já está arrumadinho!!!!
 

segunda-feira, 16 de março de 2020

Diário de uma Quarentena 1

Faz tempos que não punha aqui as mãozinhas....

Foi preciso uma catástrofe assolar este lindo planeta para que finalmente voltasse a este meu e vosso blog, o Crónicas de Casa de Banho.

Estou de quarentena, meio que atabalhoada porque tenho de sair e ir e vir ao trabalho. 

Passei o fim-de-semana em casa, numa tentativa de perceber o que era isto da quarentena. E o que achei mais parecido com esta minha curta experiência, é o Convento das Carmelitas Descalças. Estamos isolados do mundo, mas podemos vir ao páteo contemplar as árvores, os passarinhos, a horta...só que no meu caso é contemplar a relva sintética, de resto é muito parecido...só que não.

Ainda a procissão vai no adro e já se ouvem história mirabolantes de famílias e entrar em depressão por não saberem lidar com maridos, esposas e filhos. Então mas as relações familiares devem ser apenas assentes em 1h por dia juntos? E sabe Deus o que esses 60 minutos podem virar uma tragédia Grega. E os filhos? Quando se lembraram de encomendar à cegonha, era apenas para os terem aos fins-de-semana e poucas horas? Sim porque depois da natação, equitação, ténis, piano, guitarra, ballet, hip-hop, futebol...ah e escola....ao fim-de-semana ainda temos catequese, escuteiros e um par de atividades ...e bolas ainda nos sobra no meio disto qualquer coisa como pouco mais de 45 min para sermos pais...e mesmo assim não deve ser tanto, porque entre tomar banho, jantar e deitar cedo porque amanhã é um novo dia...deve sobrar 2 min....em contagem decrescente de forma acelerada para nos vermos livres do burburinho das suas vozes e enfim...podermos apenas implicar com o adulto que também anda lá por casa.

Mas afinal porque criam famílias? Este será de facto um tempo onde vamos perceber que apenas quem tem uma estrutura emocional e familiar onde prevaleçam valores, como amor, partilha, compreensão, gratidão, entre-ajuda, medos, positivismo...entre tantas outras coisas boas e menos boas...poderá sobreviver ao Corona Virús.

Quando era mais nova a Corana era uma coisa porreira. Dava para dançar e tudo. Quantas vezes ouvi eu The Rhythm  of the Night alto e bom som no walkman da Sony? Aquilo é que era bombar....agora a Corona caíu que nem uma bomba e anda por aí a espalhar o terror em vez de magia.

Dizia o Futre que vinham charters cheios de chineses....p%ta que pariu mais aos chineses, inventam tudo...ou melhor...copiam tudo e comem tudo e depois quem se lixa é o mexilhão...melhor os mexilhões todos deste mundo que andam numa loucura total.

Os supermercados levaram uma razia no papel higiénico e ainda não entendi bem o porquê. Há algum efeito secundário do Covid-19 que dê cabo da flora intestinal? Vão guisar rolos de papel? Vão embrulhar-se em papel para se preservarem e afastarem do vírus? Não percebi mesmo.

Hoje saí para ir ao talho. Consegui que me aviassem o que precisava sem que automaticamente e entre quarto paredes  me esventrassem e colocassem o meu fígado, rins, lombo entre tantas outras partes à venda...melhor, consegui sair de lá sem ser chacinada à porta pelos que estavam em fila para entrar.

Depois foi a vez do Continente. Mais uma fila mais uma voltinha. Máscara e luvinha e lá foi eu. Pacifico quanto baste, mas tenho a certeza que havia pessoas a praticar apneia enquanto enchiam o carrinho....sem máscara, roxas de suster a respiração....mas de carro cheio. Não sei qual foi o máximo que aguentaram. Quanto a mim, a minha máscara é grossa e quase que não consigo eu respirar dentro dela, chego a um ponto em que acho que vou desmaiar com falta de oxigenio.

Cheguei a casa, livre e desinfestada.... para já estou viva e sem sintomas do bicho. Quanto aos meus penso estarem bem e quase em auto-isolamento nos quartos a curtir a deles. Quanto a mim, já fiz máquina de roupa, dediquei.me à cozinha e ao mais novo que trás trabalhos para 2 meses penso....mas hoje já adiantamos umas boas coisas.

Vou dando noticias!!!!!

quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Perfeitas Incertezas


Nas imperfeições da vida,
Torno-me aos poucos perfeita a teu lado.
Nas incertezas da vida,
Das poucas certezas que tenho é o meu sentimento por ti.
Nas dúvidas da vida,
É contigo que esclareço a mente.
Nas batalhas da vida,
É contigo que luto para vencer.
Nas invejas da vida,
É nosso sorriso que encontro a melhor arma.
Nos sonhos que tenho,
É a teu lado que durmo todas as noites.
Nas amizades sinceras da vida,
Sei que posso contar contigo sempre.
Nos sentimentos da vida,
Sei que te posso dizer a ti que Amo.
No final da vida,
Espero apenas que estejas comigo também…e seja eterno o que nos uniu e que um dia nos separe.

terça-feira, 27 de junho de 2017

Ás vezes!

Ás vezes quero andar depressa, mas o tempo não me acompanha.
Ás vezes queria poder sonhar, mas a vida nem sempre me dá matéria.
Ás vezes queria poder voar, mas depois lembro-me que não tenho asas.
Ás vezes queria dar mais de mim, mas percebo que sou fraca.
Ás vezes gostava de amar mais, mas percebo que se não me amo a mim não posso amar mais.
Ás vezes gostava que me elogiassem, mas depois penso que nada há para elogiar.
Ás vezes gostava de ser uma excelente mãe, mas rapidamente percebo que tenho muitas falhas.
Ás vezes gostava de ser uma excelente dona de casa, mas percebo que não sou nada de especial, que há quem tenha muito mais jeito que eu.
Ás vezes gostava de ser uma excelente esposa, mas sei que sou apenas uma companheira que deve estar lá para o que for preciso e que tem de entender tudo.
Ás vezes gostava de ser uma excelente profissional, mas assim num abrir e piscar de olhos percebo que não sou nada, que tento, que me esforço, que até acredito que se está a perder algo em mim…e lá está…sou um pouco mais que nada.
Ás vezes gostava de não pensar tão negativamente, mas nem sei bem como me motivar.
Ás vezes gostava de não sentir saudades, mas sinto tantas e de algumas coisas que me fazem ser feliz.
Ás vezes gostava de ser mais do que madrastra, mas é isso mesmo que sou….tenho de estar lá.
Ás vezes gostava de poder acordar e respirar de uma outra forma, mas não tenho outra capacidade que não esta.
Ás vezes gostava que as minhas conversas fossem entendidas de forma positiva, mas é fácil de perceber que nem sempre são e na maioria nem sequer interessam.
Ás vezes gostava de ser a última bolacha do pacote, mas bolas, estou numa palete e ainda há milhares de bolachas.

Ás vezes gostava, tão simplesmente isso….só gostava!

quarta-feira, 29 de junho de 2016

0,10€ PODEM MUDAR UMA VIDA !




Todos os anos a mesma roda viva. Junta papel, tira papel, pede fatura de tudo e mais alguma coisa, junta tudo, perde metade e esperamos ansiosos pelos dia 1 de Abril, como se de uma passagem de ano se tratasse.

Preenche declaração, coloca dedo no rato e qual gatilho de uma arma, carrega ao segundo ZERO e respira de alivio.

E começam as boas noticias: "Reembolsos começam a ser feitos ao fim de 21 dias."; "Reembolsos de IRS pagos mais cedo" etc etc. Acredito que isto tenha sido a realidade para alguns....pois meus amigos para mim não foi de todo.

Pertenço agora a um grupo gigante dos Encalhados do IRS, que tal como eu verificam o site da AT 2x ao dia, como se fosse um medicamento prescrito pelo médico, dando garantias de que passaríamos a estar de bem com a vida.

Entreguei a declaração a 12/4, validou a 14/4....hoje são 29/6? É isso não é? Pois...e estamos na mesma....a zeros.

Entre telefonemas que de nada adiantam, vale a troca de comentários no grupo do encalhados, onde nos vamos confortando uns aos outros, já estamos no mesmo barco.

Ainda pensei que o meu reembolso fosse de uns milhares de euros, mas depois parei e pendei: Rita, estás parva...os dos milhares e milhões foram logo os primeiros DAHAH!!!

Hoje na pesquisa da manhã descobri que devido ao atraso no pagamento do valor do meu IRS o estado me vai pagar a mais....vejam bem A MAIS....leram mesmo bem MAIS...o valor de 0,10€.

Oiçam, gelei naquele momento. Sabem aquela sensação de quem acabou de acertar na chave do Euromilhões? Eu não! Fiquei em transe logo. E fiz planos onde investir aqueles 0,10€.

Eis as opções:


  • Comprar uma vela em Fátima em sinal de agradecimento. - Bolas não dá, a mais barata são 0,20€
  • Comprar Certificados de aforro - Também não dá
  • Comprar Acções na Bolsa - Dei-me ao trabalho de ir ver isso e consigo comprar umas quantas da Lisgráfica, acham que deva?
  • Investir no Papel Moeda - assim como assim estes 0,10€ iriam voltar aos cofres do Estado rapidamente não é?
  • No Banif? Posso contribuir não é? ou a CGD? Ou para ajudar a pagar as auditorias externas que andam para aí a querer fazer.
Enfim as opções de sonhos são muitas, mas todas saem frustradas.

Se uma empresa deixa de pagar o IVA, ás 00:00H do dia seguinte são +20% s/o valor que tem a pagar à AT.

Se nos esquecemos de pagar o IUC, chega a cartinha, 15€ + juros de mora, e na melhor das hipoteses qualquer 25€ paga tudo.

Pergunto eu, que nem percebo muito disto: Qual é o critério para aplicar juros ?

Felizmente não necessito nem eu, nem o meu filho, deste dinheiro para sobreviver, mas é triste a forma como são geridas as coisas.

Há razão para ter sido retida? Não, está tudo ok e validado.

Se o valor dos 0,10€ vai aumentar então deixem lá estar a render mais uns dias boa?

E assim vai este nosso Portugal!

segunda-feira, 23 de maio de 2016

Contemplação

Foram cerca de três anos de espera. Navegar pela net tem destas coisas boas, faz-nos encontrar lugares que nos apetece de imediato fazer as malas e partir.

As malas tiveram de ser adiadas, e perdi o nome daquele lugar que me parecia tão saboroso de visitar.

Mudam-se os tempos, mas não se mudaram as vontades. Ironia do destino, numa pesquisa de lugares para passar um fim-de-semana a dois, dei de caras com aquele lugar que me apetecia tanto ir.

O M. fez anos e esta surpresa ficou guardada até Abril...não aguentei o silêncio, a surpresa e quis que ele vivesse comigo desde o momento zero, 

A Herdade do Reguenguinho recebeu-nos de braços abertos, e pelas mãos da Susana ficamos a conhecer um pouco mais deste turismo rural, que aconselho vivamente. 

Próximo das praias de Porto Côvo e Vila Nova de Milfontes fica a localidade de Cercal do Alentejo.

Em menos de 5 minutos  encontramos uma casa em tons laranja que nos ilumina o horizonte.

Quando saímos do carro somos inundados pelos cheiros de campo, em especial das estevas. As cores, os sons....impossível deixar de não pôr à prova os 5 sentidos.

A herdade tem quartos de diversas tipologias, mas no nosso caso, a escolha era especial, e digo que superou as expectativas.

As imagens falam por si
Vista da varanda do quarto (espreguiçadeiras e tem ainda um chuveiro) 

Vista da varanda do quarto 

Piscina comum 

Caminho para a Palafita Terra

Mas ex libris deste nosso quarto era mesmo a vista sobre este manto em tons de verde. E se tudo isto podermos juntar isto:
Interior do quarto

Melhor ainda....conseguem imaginar um banho em final de dia neste cenário? 

Vista geral 
Welcome Tea

A luz natural ilumina este quarto de forma especial. Podemos ver o nascer e o pôr do sol nos dias mais soalheiros, ou simplesmente contemplar o cair da chuva....aquelas vidraças prolonga o nosso olhar e é impossível não entrar no espírito.

O quarto possui uma casa de banho com um chuveiro gigante e uma pequena sala onde podemos colocar os nossos pertences e ainda usufruir do mini bar. Tem sistema de som que pode ser ligado a um mp3, telemóvel, ou simplesmente ouvir a música relaxante que nos deixam. Tem televisão...mas apenas para ver DVD que podemos ir buscar à casa principal...não há noticias más, distracções....há focalização, vivência. Acho que o modo como a família de Susana vive na Herdade é visível nestas pequenas coisas.

Podem fazer-se pequenas refeições na Herdade. No nosso caso não o fizemos, mas tomamos um pequeno almoço fantástico, fruta, sumos naturais, chás, compotas, pão, acompanhamentos e umas panquecas deliciosas....e dias não são dias!!!!


Se quisermos podemos ainda relaxar na casa principal. Jogos de tabuleiro, leitura, ou simples não fazer nada e relaxar.

A despedida custa sempre e sabe sempre a pouco, A experiência será a repetir, mas desta vez em família. 

Até lá!!!!




terça-feira, 30 de junho de 2015

SNS

Felizmente as minhas idas ao médico são raras. Mas das poucas vezes que vou mesmo que não vá doente, acho que venho de lá doente. Mas é sempre doença do foro neurológico. Dá-me uma travadinha quando começo a ouvir as conversas que por ali se fazem.

Já tive uma aventura com uma médica que esteve a fazer frete de me atender porque achou que eu devia ter ido direto ao hospital, sem passar por ali. Tipo Monopoly estão a ver? Aquela coisa do Vá direto à casa da partida..... Ali foi igual. o frete foi tal que em menos de 5 minutos eu estava curada da minha maleita e pedi desculpa inclusivé por ter vindo incomodar a senhora e saí porta fora.

A semana passada foi na ecografia que me perguntaram : então do que se queixa? E eu disse: de nada.  Diz logo o ucraniano que me atendeu: se não se quixa de nada o que veio aqui fazer? Mas é obrigatório a malta queixar-se de algo para ir fazer exames? Não necessáriamente. Ali não dava muito jeito sair naquele momento, até porque sair literalmente com as calças nas mãos não é a minha especialidade.

Hoje foi dia de mostrar exames e depois do check-in, ou admissão, ou lá como queiram chamar, lá fui eu para a salinha de espera. O meu vestido deve ter causado sensação porque fui fulminada com os olhares. Devia ter dito onde o tinha comprado....mas sim é lindo e tem uma côr linda.

Sentei-me e coloquei o telefone no silêncio e espero pacientemente pela minha vez. Desfolhei uma revista e pimbas parece que entrei numa novela.

A paciente A entra na sala e começa o seu diálogo com a paciente B e C. A paciente A disse que ia ser atendida só ás 11h20....eram 09h00.....pergunta absurda: o que é que ela estava a fazer ali aquela hora? Aquilo até é um local agradável para se passar o dia....melhor que o PIC NIC do Continente!!!! Upa Upa!

O telefone da paciente A toca. Numa tentativa de não fazer barulho vai falar para onde? Para o hall da casa de banho....aquilo nem faz sequer eco e eu nem sequer ouvi que o gato precisava comer e que ela tinha de lá passar e que não tinha dito onde ia...ah e que trata o gato por neto. Tudo isto quase em silêncio, eu é que tenho boa audição.

Paciente B vê passar a médica de familia. Acena como se estivesse à espera de um familiar que vem no autocarro da EVA. E sai a bujarda: OLÁAAAAA DOUTORA.....vim cá ter consigo hoje. Pela cara da médica era visivel que tinha ficado radiante de a ver. Se fosse mesmo no terminal da EVA, acho que ela tinha apanhado o autocarro de volta.

Paciente D começa o seu diálogo com a amiga. Uma senhora dos seus quase 50 anos certamente. Divorciada pelo que depeendi. Com um filho que é do mais higiénico possível porque mandou o pai lavar a boca antes de falar da mãe. Há miúdos impecáveis pah! A mãe agora solteirona anda no engate, porque fez 100 tentativas para aceder ao facebook para mostrar à amiga que na 1.ª quarta-feira do mês há ladies night não sei onde, com montes de ofertas. Fez questão de frizar à amiga que tinha pedido amizade ao gerente....e que ela agora tinha mais acessos...já a amiga não porque ainda só deve ir no Nivel 2 do jogo e só chegou ao pedido de amizade com o bengaleiro.
Pareceu-me que a amiga não achou muita piada, porque se levantou e deu de fuga. Mas antes para lhe animar o dia diz a Paciente D: está mais magra! E assim com este cinismo ficaram amigas para sempre.

A coisa ainda prometia não fosse o velhote ter saído pela porta e ter chamado pelo meu nome...o aparelho está avariado.

Isto só se passou em 20 minutos, agora imagine-se que eu estava ali o dia todo? Não havia Sombras de Grey que me batessem....eu ia escrever mais volumes e faria mais filmes.

A vida passa por todos nós, mas é no Centro de Sáude que eles mais gostam de estar!!!

Haja paciência!!!!