Com o passar do tempo aprendemos que temos um Pai e uma Mãe, que em determinada altura das suas vidas fomos idealizados (ou não) e que são eles a nossa base, a nossa referência.
Enquanto mãe e enquanto pai queremos e desejamos o melhor para os nossos filhos e desejamos que a felicidade que se vive no momento perdure por muitos anos e que possamos viver o felizes para sempre também neste novo papel.
Este deve ser de facto o pensamento e de facto acho que não estamos nunca preparados para uma alteração repentina do estado civil "juntos para sempre" para o "quero ver-te pelas costas". E passamos de um estado para outro em menos menos de 24h
Mudamos totalmente, entramos numa fase horrível, jogamos com os sentimentos, jogamos com as pessoas, entramos numa espiral. Não aceitamos a mudança de ânimo leve. Queremos ferir e magoar tanto quanto possível. Não desejamos o melhor um ao outro e roê-mo-nos por dentro quando sabemos que o outro(a) está melhor que nós.
É inevitável, é-nos transversal. Somos seres humanos, temos sentimentos bons e maus. Está intrínseco em nós esta forma de estar e actuar. Apesar de haver excepções (e eu conheço).
Mante-mo-nos ocupados tanto quanto conseguimos para não pensarmos em porcarias e em planos maquiavélicos. Deixamos de ser nós próprios por algum tempo, por necessidade. Abandonamos o nosso corpo propositadamente.
O nosso foco passa a ser o/os filho/os....vivemos intensamente para eles a tentar colmatar a falta que um dos progenitores lhes possa fazer.
Para quê esta necessidade? Porquê? Estará isto correcto?
Passando por esta experiência "in loco" acho que essa é apenas uma fase. A fase da revolta que com tempo (maior ou menor) passamos a aceitar com outra maturidade e aprendemos a viver deste modo.
Haverá um dia em que acordamos depois de um sono profundo e percebemos que a nossa vida continua e não acabou nada de nada.
Um filho pode crescer sem a presença de um Pai ou de uma Mãe? Pode claro....
Tenho de substituir e ser Pai e Mãe ao mesmo tempo? Não, claro que não... Isso pode ser uma atitude menos boa em minha opinião.
Quer queiramos, quer não todos temos um Pai e uma Mãe. Se esse Pai e essa Mãe correspondem ao padrão que idealizamos? Sim ou não....mas continuam a ser os nossos progenitores.
Um filho não deve em circunstancia nenhuma sentir-se infeliz porque não tem os pais juntos. Um filho deve sentir-se feliz porque tem um pai e uma mãe. E importa dar-mos um reforço positivo tanto quanto possível.
Importa também compreender que não é um filho que perder por não ver um Pai ou uma Mãe. É esse Pai e essa Mãe quem perde, porque não acompanha o crescimento, não está presente nas pequenas coisas que são grandes para um filho. Não ouve as piadas, não vive as angústias, não brinca, não estuda com ele, simplesmente está quando dá.
Cabe a nós Pães e Mais desmistificar isso e levar a vida com um sorriso e de forma positiva. É nestas coisas que um filho se agarra, é neste reforço positivo que os devemos fazer crescer. Eles também vão ser Pais e Mães e vão olhar-nos como exemplo (quer tenhamos sido bom ou mau exemplo).
Hoje vejo as coisas com outros olhos. Posso não concordar com algumas coisas, algumas atitudes, mas se tentar regatear, vou conseguir melhor? Acho que não, que só tenho a perder.
Sei que tenho o amor incondicional do meu filho, e tenho a certeza de que é uma criança feliz, mesmo que a figura paterna seja mais ausente na vida dele. A meu lado tenho pessoas fantásticas que me ajudam a ver o copo meio cheio em vez de meio vazio.
Afinal o que importa realmente?
Paremos e pensemos.....seremos muito mais felizes!
Nenhum comentário:
Postar um comentário